Está disponível aqui, para leitura e download gratuitos,
a lista de lançamentos e relançamentos literários de fantasia, fc e
horror no Brasil em 2016, que é um suplemento do blogue Almanaque da Arte Fantástica Brasileira.
Há alguns meses, publiquei aqui
um estudo elaborado como tarefa acadêmica no curso Bacharelado de
Ciências e Humanidades da Universidade Federal do ABC, com algumas
conclusões estatísticas sobre essa lista. Contudo, como prossigo com a
pesquisa dos títulos até mais ou menos o meio do ano, foram
acrescentados títulos à relação que serviu de base ao estudo e alguns
números foram ligeiramente ampliados, mas não em quantidade que
desqualifique as conclusões obtidas nele. Também publiquei aqui,
no início deste ano, um artigo comentando os títulos que considero mais
relevantes dessa produção. Ambos merecem a leitura de quem tiver
interesse pelo assunto, então agora vou apenas comparar os números
finais de 2016 com os de 2015, cuja relação também está disponível aqui.
Foi
interessante observar que, apesar da crise moral, política e financeira
que assola o país, o campo da literatura fantástica brasileira cresceu.
Isso não é incomum. Em tempos de crise, a busca pelo gênero fantástico –
dito escapista – tende a aumentar. E, desta vez, o fenômeno não ficou
restrito às mídias audiovisuais e chegou também aos livros.
No
total, foram publicados em 2016, 321 títulos de autores brasileiros,
contra 282 em 2015, um crescimento até bastante razoável. A fantasia
segue sendo o gênero mais praticado, com a fc em segundo e o horror em
terceiro, e os três gêneros apresentaram crescimento em relação a 2015.
Na categoria romance, por exemplo, a fantasia subiu de 105 para 142
títulos, a fc foi de 49 para 53, e o horror, de 37 para 43.
No que
se refere a ficção traduzida, os números caíram: foram publicados 339
livros em 2016 contra 414 em 2015. Ainda que a fantasia também predomine
aqui, sofreu uma redução de 129 para 93 títulos publicados na categoria
romance. Também a fc caiu de 140 para 127, e o horror, de 50 para 32,
nessa categoria.
Isso leva a crer que a crise está ajudando os
autores locais a obterem espaço, embora muito desse crescimento seja
enganoso em termos de tiragem absoluta: os livros de autores nacionais
continuam a ser muito menos distribuídos que dos estrangeiros e são
poucos os que ganham tiragem superior a uma centena de unidades. Por
isso, a plataforma virtual tem sido cada vez mais utilizada pelos
autores e até algumas editoras.
As ferramentas tecnológicas
vieram para ficar, assim como a globalização. Se isso é bom, ainda não é
possível saber. É cada vez mais difícil fazer este levantamento devido a
miríade de nanoeditoras atuando no mercado. A quantidade de títulos
aumenta, mas decerto que o público não inflaciona na mesma medida. E com
mais autores disputando o mesmo mercado restrito, favorece-se o
seletivismo, que eleva a qualidade a médio prazo. O que não deixa de ser
interessante.
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